quarta-feira, 23 de maio de 2012

SABEDORIA DO EVANGELHO - O QUE PREJUDICA

 Olá,

 Em " Sabedoria do Evangelho",  Pastorino, vem nos explicando a palavra de Mateus, Marcos e Lucas, sobre o que nos prejudica  realmente.



Mat. 15:12-20 

12.Aproximando-se então seus discípulos, disseram-lhe: "Sabes que os fariseus, ouvindo o ensino, se escandalizaram”? 13. Mas ele respondendo, disse: "toda planta que meu Pai celestial não plantou, será erradicada. 14. Deixai-os: são cegos, guias de cegos; e se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco".


15. Respondendo, disse Pedro: "Explica-nos essa parábola". 16. Jesus então disse: "também vós ainda não entendeis? 17. Não sabeis que tudo o que entra pela boca, desce ao ventre e é lançado no sanitário? 18. Mas tudo o que sai da boca, vem do coração, e isto contamina o homem. 19. Porque do coração vêm pensamentos, homicídios, adultérios, prostituições, furtos, falsos testemunhos, calúnias. 20. São estas coisas que contaminam o homem; comer sem lavar as mãos, não contamina o homem".

 Marc. 7:17-23 17. Tendo deixado a multidão, entrou em casa, e seus discípulos lhe perguntaram a respeito da parábola. 18. Ele disse-lhes; "Assim também vós não entendeis? Não compreendeis que tudo o que está fora do homem, ao entrar nele não pode contaminá-lo, 19. porque não entra no coração dele mas no ventre, e é lançado no sanitário"; (disse isto) purificando todos os alimentos. 20. E disse; "O que sai do homem, isso contamina o homem, 21. porque de dentro do coração dos homens procedem os maus pensamentos, as prostituições os furtos, os homicídios, 22. os adultérios, as cobiças, as malícias, o engano, a intemperança, o mau olho, a calúnia, a soberba e a loucura; 23. Todas essas coisas procedem de dentro e contaminam o homem".

Luc. 6:39 39. E falou-lhes uma parábola: "Porventura pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco"?

Marcos completa Mateus, dando o pormenor de que Jesus se afastou da multidão e entrou em casa. E aí, no aconchego dos íntimos, os discípulos aproximam-se para conversar.

O primeiro assunto é salientado só por Mateus . Revela-nos a sofreguidão com que os discípulos vão ao Mestre, contando que "os fariseus se escandalizaram com o ensino dado".


 Apesar de haver-lhes voltado as costas para dirigir-se à multidão, os escribas de Jerusalém e os fariseus ficaram alertas para ouvir o que dizia o rabbi. E o que Ele disse causou-lhes arrepios de espanto: nada menos do que uma ab-rogação total não apenas dos preceitos, mas da mesma lei mosaica, anulando todo o extenso e complicado capítulo dos alimentos impuros!

 Ora, isto lhes serviria às maravilhas, para reforçar a acusação contra aquele jovem de trinta e seis anos, que pretendia sobrepor-se aos "mais velhos", às autoridades, e até à lei de Moisés ... e isso sem ser nem mesmo rabino diplomado nas escolas oficiais! Quem era ele para agir assim? perguntavam-se os emissários do Sinédrio.

Jesus, porém, afasta qualquer temor dos discípulos com uma sentença: "toda planta não plantada por meu Pai será erradicada".

Alguns exegetas vêem nessa sentença uma referência direta àqueles fariseus e escribas. Acreditamos mais lógico aplicá-la aos ensinos deles, às exigências humanas. Sendo "preceitos de homens" (isto é, do intelecto personalístico), tendem a desaparecer, sendo erradicadas da humanidade, porque não foram "plantadas pelo Pai" no coração os homens (individualidade), como o são as leis naturais, que jamais desaparecerão da face da Terra.

 Aos fariseus e escribas, pessoalmente, refere-se a segunda sentença: "deixai-os, pois são cegos (que nada conhecem porque não enxergam) a guiar outros cegos". Que sucederá? "Cairão no barranco", isto sim, acerta em cheio nas criaturas pretensiosas que, em sua ignorância enfatuada, se julgam donas da verdade, ensinando, julgando e condenando, segundo bem lhes parece.

Depois desta resposta, em que o Mestre reduz às suas proporções reais os preceitos humanos rigoristas e as autoridades que os exigem de seus fiéis, adianta-se Pedro para pedir que Jesus lhes explique o sentido "da parábola" que havia proferido, escandalizando os emissários de Jerusalém. Na verdade, trata-se de uma sentença enigmática, e não de uma parábola.

 Inicialmente, Jesus sublinha sua estranheza por ver que seus discípulos mais chegados, após cerca de um ano de íntima convivência com Ele, ainda não alcançaram o hábito de entender suas palavras. Emprega o termo asúnetos, que significa "sem conhecimento interior", sem "inteligência (súnesis) para compreender, já que o sentido literal e etimológico desse vocábulo exprime a junção (sun-esis) de duas coisas em uma só, isto é, da coisa apresentada com a inteligência. Depois explica-lhes que tudo o que de fora entra no homem (qualquer espécie de alimentação) desce ao ventre e, após digerido, são os excrementos lançados ao vaso sanitário.

 Logo, moralmente não podem contaminar-lhes o espírito, pois só transitam pela matéria, pelo corpo físico. A frase "purificando os alimentos todos" precisa, em nossa língua, de um esclarecimento, o que fizemos acrescentando em grifo: "disse isto". A razão é que, em grego, não há ambigüidade, já que o particípio presente katharízôn se encontra no nominativo singular masculino, só podendo referir-se, portanto, ao sujeito da oração "ele, Jesus"; de forma alguma poderia referir-se, nem lógica nem gramaticalmente, ao aphedrôna (vaso sanitário), que é acusativo singular neutro. Se não acrescentássemos o esclarecimento, na tradução portuguesa, o leitor teria a impressão de que o vaso sanitário é que purificaria todos os alimentos.

E continua, dizendo que "o que sai do homem é que pode contaminá-lo", pois provém exatamente do CORAÇÃO, isto é, da Mente, do Espírito (individualidade) que tem sede no coração (enquanto o "espírito", personalidade ou personagem, tem sede no intelecto, no cérebro). Mais uma vez Jesus afirma essa verdade incontestável; e não podemos dizer que Ele ignorava a verdade real, sob pena de anularmos, sob essa pecha, todos os sublimes ensinamentos que nos revelou. Nem é admissível se diga que pactuava com a ignorância da época.

Podia utilizar imagens e palavras que facilitassem a compreensão dos homens de então, mas afirmar uma mentira, uma irrealidade, uma falsidade, só para conformar-se com a ignorância, não é coisa que um Mestre admita em seus ensinamentos. A seguir são dados exemplos, enumerando alguns vícios que provêm do coração.

Em Mateus são classificados:
a) pensamentos: raciocínios maldosos (dialogísmoi ponêroí)
b) ações: homicídios (phônoi), adultérios (moicheía); prostituições (porneíai) e furtos (klópai)
 c) palavras: falsos testemunhos (pseudomarturíai) calúnias (blasphêmíai).

Em Marcos verificamos que a divisão é diferente. Inicialmente são citados:


a) seis vícios no plural, referindo-se a pensamentos ou atos sucessivos, classificados como "raciocínios maus" (dialogísmoi kakoí); são eles as prostituições (porneíai), os furtos (klópai), os homicídios (phónoi), os adultérios (moicheíai), as cobiças (pleonecsíai) e as malícias (ponêríai)
 b) seis no singular, manifestando mais exatamente seis tendências viciosas inatas, do caráter da criatura; são elas: o engano (dólos), a insolência (grosseria, asélgeia), o olho mau (inveja, ophthalmós ponêrós), a calúnia (blasphêmía), o orgulho desdenhador (huperêphanía) e a loucura (aphrosúnê).


 Digno de notar-se: a palavra blasfêmia significa propriamente "palavras de mau agouro, proferidas durante o sacrifício", ou "injúrias contra Deus" (cfr. nos Evangelhos: Mat. 12:31 e 26:65; Marc. 3:28 e 14:64; Luc. 5:21 e João 10:33; assim também o verbo "blasfemar": Mat. 9:3, 23:65 e 27:39; Marc. 2:7, 3:28-29 e 15:29; Luc. 12:10, 22:65 e 23:39; João 10:36 e Atos 13:45, 18:6 e 19:37). Somente neste local, em Mateus e Marcos, apresentam mais logicamente o sentido de "calúnias".

Neste trecho encontramos duas respostas do Mestre. A primeira refere-se ao "escândalo farisaico", que o Cristo manda não levar em consideração, por duas razões:
 1) Toda doutrina (planta) não inspirada (plantada) pelo Pai (Mente), mas apenas fruto dos intelectos personalísticos, será cortada pela raiz e totalmente destruída. Constantes exemplos disso encontramos na História, ao verificar as numerosas seitas e religiões que nascem, vivem certo período (que pode ser de um, vinte ou cinquenta séculos) e depois desaparecem, mortas pela falta de raízes espirituais. Todas as "doutrinas" que vêm de Deus (cfr. João, 5:44) permanecem: são plantas cujas sementes foram lançadas pelo Pai e germinam, crescem, florescem e frutificam no coração dos homens por toda a eternidade.

2) E também porque os homens, que criaram ou dirigem essas organizações humanas são, de fato, cegos espirituais, que não penetram a verdadeira luz e nada vêem, a não ser a matéria e as coisas espirituais (cfr. Mat.16:23 e Marc. 8:32). Ora, todos esses, mesmo se conduzirem milhões de criaturas, mesmo que tenham boa-fé e convicção absoluta, "caem no barranco" com os seus guiados, ou seja, voltam a reencarnar. A diferença entre o ensino do Cristo e o dos homens é que o Mestre não fala em condenação ao inferno, sem possibilidade de libertação posterior: de um "barranco", a criatura poderá sair, ainda que machucada ...

Por ser uma explicação extensa, continuamos na próxima publicação.

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