quinta-feira, 10 de maio de 2012

VIGILÂNCIA - ANTE O REMORSO

ANTE O REMORSO

 Anthero do Quental

 Quando desci chorando, desatento,
 
A garganta cruel da sepultura,

 Cria abraçar, na morte, a noite escura

Que me desse consolo e esquecimento.

Ai de mim, relegado ao desalento,


 Preso à triste ilusão que não perdura!...

Desvairado encontrei, nessa aventura,

O remorso medonho e famulento...

Aterrado, gritei: - “Monstro recua!”

E o monstro, em gargalhada horrenda e nua,

Bradou: - “Eu sou agora o irmão que levas...”

 E, misto de morcego, gralha e aborto.

 Atirou-me a sinistro desconforto,

 Mergulhando comigo em densas trevas

Relicário de Luz.

Deixe seu comentário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário