segunda-feira, 2 de julho de 2012

SABEDORIA DO EVANGELHO - O ADMINISTRADOR NÃO- JUSTO II

Olá,


O Senhor chama o administrador
- a criatura que emprega mal os bens
que recebeu em mordomia -
e pede as contas,
porque chegou a um ponto em que
não pode continuar gerindo bens terrenos.

É geralmente o momento da desencarnação e aproximação da morte. Nesses últimos momentos, a criatura se lembra


de que realmente agiu com egoísmo. E sabe que vai ter que abandonar não só os bens, mas a própria decisão a respeito deles. Então, só então, se lembra de que há pobres (os pobres são os que entram na Terra como devedores, e por isso não recebem bens para gerir) e resolve diminuir-lhes as dívidas, dando-lhes parte da fortuna que está gerindo, saldando, de um, 50% da dívida, de outro 20% , etc ...

Essas importâncias dadas (ou deixadas em testamento) têm a vantagem, segundo essa criatura, de fazer que os beneficiados lhe demonstrem gratidão no eon futuro. Tinha, pois, muita razão, o Senhor de louvá-lo, pois agira, átiladamente e com prudência. E aqui pode compreender-se plenamente o termo utilizado pelo evangelista: o "administrador não-justo".

Lembramo-nos de que os que se aproximam do Caminho foram divididos por Jesus em três classes: os profetas,
os justos,
 e os discípulos (vol. 3).

Aqui é simplesmente citado o caso de alguém que ainda não atingiu o segundo grau: ainda não é justo, o que não significa que seja positivamente "iníquo" nem "desonesto" integralmente. Não percamos de vista que os Evangelhos adotam um linguajar técnico rigoroso de Escola Iniciática (vol. 4). Nem poderia supor-se o contrário de livros especializados e "inspirados".

Dizer que o Novo Testamento é escrito em linguagem popular porque seus autores não tinham conhecimentos, é desvalorizar a inspiração do Alto. O sentido de cada palavra é sempre rigidamente empregado dentro da técnica do ensino ministrado pelo Mestre, que era um Hierofante da categoria sublime de Jesus, e da inconcebível e incomensurável sabedoria do Cristo que através Dele se manifesta. Não são obras de ignorantes nem de iletrados: são documentos perfeitos e cientificamente redigidos, embora em alguns pontos os homens os tenham modificado para adaptá-los às suas conveniências.

Podemos admitir que seus autores não eram gênios, mas temos que convir que suas mãos eram dirigidas por Inteligências superiores. Não pode conceber-se que obras, destinadas ao ensinamento profundo da humanidade durante milênios, fossem deixadas ao acaso das incompetências e limitações cerebrais de homens sem cultura.

Afirmar o contrário é irreverência e até mesmo blasfêmia inominável. A continuação do texto vem confirmar esta segunda interpretação.

Observemos as frases:  a) "fazei para vós amigos da riqueza vã" (não-justa), isto é, da riqueza terrena material (ou também, "por meio da riqueza vã"), pois, de qualquer maneira, ao terminar o ciclo da vida material, essas amizades perdurarão no ciclo astral e espiritual.
As amizades, no ambiente terreno, são sustentadas e alimentadas pelos obséquios, pelos presentes trocados, pelos favores dados e recebidos, o que facilita uma sintonização de interesse mútuo que, com o tempo, se tornará sintonização de vibrações intelectuais e, mais tarde, de vibrações espirituais.

b) "quem é fiel no pouco sê-lo-á igualmente no muito", etc.; verdade substancial, já que honestidade, fidelidade, justiça são qualidades intrínsecas (já o vimos) e independem da quantidade.

c) portanto, ao homem é apresentada a ocasião de exercitar-se e de revelar suas qualidades, e de aperfeiçoá-las, enquanto na matéria, no "pouco" (bens terrenos materiais) para que, se for dada prova de possuir a qualidade mestra da justiça e da fidelidade, lhe seja entregue a riqueza verdadeira.

 Ponto essencial para não correr-se o risco de dar as riquezas verdadeiras (o conhecimento espiritual) a criaturas ainda incapazes, que poderão transformar-se em "magos negros". Daí a necessidade de escolas com períodos probatórios longos. Dai as numerosas encarnações de experimentação rígida de valores. Só depois de longos séculos de provações em muitos campos, e depois de haver treinado a administração dos bens materiais, pode a criatura ser aceita como discípulo.


 E, mesmo depois desse passo, chegam os exames, os "passos iniciáticos", as provas rigorosas, a prática, a vivência (páthein, vol. 4), para que, depois de tudo isso, possam ser dados, confiantemente, os graus iniciáticos, até atingir-se o adeptado. Se não dermos provas cabais e definitivas de fidelidade na administração sábia dos bens terrenos (e todos os que administram por profissão estão ainda nesse passo), não estaremos aptos a receber o conhecimento da riqueza verdadeira.

d) A mesma idéia é repisada com outras palavras: a fidelidade no alheio é uma garantia para recebermos o que é nosso. Dentro da pura concepção humana terrena, esse conceito é logicamente absurdo. Ninguém experimenta a fidelidade de uma criatura confiando-lhe riquezas alheias para se comprovada a qualidade - entregar-lhe a riqueza própria.

Temos, pois, um ensino mais profundo: se não nos tornarmos fiéis no que é dos outros, ou seja, no que pertence aos veículos inferiores, ao planeta físico, aos demais seres que nos cercam, comprovamos não estar aptos a entrar na posse dos bens espirituais, a que temos direito por nossa origem divina.

E essa é uma das razões de nossa encarnação na matéria: aprender a governar-nos no que é alheio, mas sem importância capital, até tornar-nos capacitados para recebermos a herança que nos pertence. Ninguém nos dará a riqueza verdadeira (espiritual) a que temos direito, se antes não tivermos atingido a perfeição da justiça naquilo que é material e transitório.

Todos os que estão atualmente encarregados de administrar as riquezas materiais, estão se preparando ainda para que no futuro possam entrar na posse na, verdades espirituais. São períodos encarnatórios de treino, indispensáveis para verificação da capacidade intrínseca de cada um.

 E a VIDA é sábia, e distribui as profissões a cada um, de acordo com o degrau evolutivo que tiver atingido. Que os dirigentes de Escola estejam atentos, pois, em não confiar iniciações àqueles cuja profissão terrena oficial ainda for administração financeira.

 e) "não podeis servir a dois senhores". Realmente é impossível dedicar-nos à gestão e conquista de riquezas materiais e ao espiritualismo da busca divina. Claro e lógico. São duas direções opostas. Ninguém pode caminhar ao mesmo tempo para o norte e para o sul. Ninguém pode dirigir-se simultaneamente para o Sistema e para o Anti-Sistema, para o pólo positivo e para o pólo negativo.

Questão de orientação fundamental do caminho a ser percorrido. Quem se encaminha na direção do Sistema, fixando-se na Individualidade, aborrece as riquezas; e quem se prende às riquezas para multiplicá-las, a fim de comprar apartamentos, casas de campo, comodidades, conforto, etc., automaticamente desprezará as filigranas espirituais e o desprendimento total, por que precisa agir na zona pesada dos interesses que não admitem sentimentalismos.

 O esclarecimento final do Mestre acaba com as dúvidas: Deus e as riquezas (posses = Mammona) são pólos opostos. Ou seguimos para a direita, abandonando tudo o que é material e seguindo Cristo, ou para a esquerda, e possuiremos bens terrenos, estando atentos às nossas contas bancárias.

" SABEDORIA DO EVANGELHO"       Carlos Torres Pastorino.

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