sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ADOLESCÊNCIA - O QUE O ADOLESCENTE ESPERA DA SOCIEDADE E O QUE A SOCIEDADE ESPERA DO ADOLESCENTE II

Olá,

Graças ao avanço do conhecimento e às conquistas tecnológicas,
o período de adolescência tem sido antecipado,
particularmente nas meninas,
o que ocorre em razão da precocidade mental
e da contribuição dos veículos de comunicação de massa, propondo-lhes uma variedade constante de projetos e necessidades,
que se decepcionam com a sociedade,
que não está preparada
para aceitar as imposições conflitivas do seu período de transição.

Nesse esfervilhar de emoções e de sensações desconhecidas, o
adolescente pretende que a sociedade compartilhe das suas experiências e deixe-o à vontade para atender a todos os impulsos, e, quando isso não ocorre, apresentam-se os choques de geração e as agressões de parte a parte.



Passada a turbulência orgânica, equilibrando-se os hormônios, o indivíduo passa a reconsiderar os acontecimentos juvenis e faz uma nova leitura dos seus atos, reprogramando-se, a fim de acompanhar o processo cultural e social no qual se encontra situado.

O adolescente sempre espera da sociedade a oportunidade de desfrutar dos prazeres em indefinição nele mesmo. Estando em crise de identidade, não sabe realmente o que deseja, podendo mudar de um para outro momento e isto não pode ser seguido pelo grupo social, que teria o dever de abandonar os comportamentos aceitos a fim de incorporar insustentáveis condutas, que logo
cedem lugar a novas experiências.

Irreflexão, angústia, descontrole nas atitudes são naturais no adolescente, que irá definindo rumos até encontrar um método de adaptação dos seus sentimentos aos padrões vigentes e aceitos, ajustando-se, por fim, ao contexto que antes combatia.

A chegada da maturidade e da razão oferece diferente visão da sociedade, todavia os atos praticados já produziram os seus efeitos e, se foram agressivos, os danos aguardam remoção, ou pelo menos necessária reparação.

Por sua vez, a sociedade espera que o adolescente se submeta aos seus quadros de comportamento estabelecido, muitas vezes necessitados de renovação, de mudança, face aos imperativos da lei do progresso.
O adulto, representando o contexto social, acredita que, oferecendo ao adolescente os recursos para uma existência equilibrada, educação, trabalho, religião, esportes, etc., ter-se-á desincumbido totalmente do compromisso, não se devendo preocupar com mais nada e aguardando a resposta do
entendimento juvenil mediante apoio irrestrito, cooperação constante, continuidade dos seus empreendimentos.

Seria tediosa, a vida social, e retrógrada, se fosse continuada sem as inevitáveis mudanças impostas pelo progresso e trabalhadas pelas gerações novas, às vezes inspiradas pelo pensamento filosófico ou científico, pelo idealismo da beleza e da arte, da religião e da tecnologia, que encontram nos
jovens a sua força motriz.
Todos os grandes empreendimentos e movimentos da História, surgidos nas almas luminosas dos eminentes missionários, repercutiram na juventude e obtiveram a resposta em forma de desafio para a sua implantação, do que decorreram as admiráveis transformações sociais e humanas que se
impuseram na sucessão dos tempos.

É inevitável, portanto, que o conflito de gerações, que é resultado da imposição caprichosa de parte a parte, seja resolvido pelo intercâmbio de idéias e compreensão de necessidades reais do grupo social e do adolescente, estabelecendo-se pontes de entendimento e cooperação, para que os dois
extremos se acerquem do objetivo, que é o auxílio recíproco.

A sociedade, na condição de bloco de identificação de valores, espera que o adolescente venha partilhar das suas definições sem as testar, sem experimentar a sua fragilidade e resistências, o que seria uma acomodação, senão também uma forma de submissão passiva, inviável para o ser em
formação. A própria identidade do adolescente, que está buscando rumos, reage contra tudo que se encontra feito, terminado, e não passou pelo seu crivo, não experimentou a sua participação.

O adulto de hoje esquece-se do seu superado período de adolescência — se é que já ocorreu — quando também anelou muito e não conseguiu tudo quanto gostaria de realizar, foi aguardado e não correspondeu à expectativa dos seus ancestrais.

Não obstante, isto não implica em aceitar toda imposição descabida ou qualquer indiferença mórbida pelo processo social.
Somente uma aproximação natural do adolescente, com o grupo social em tranquila integração, resolve o questionamento que não se justifica, lima as arestas das dificuldades existentes, trabalha as diferenças de comportamento e, juntos, avançam em favor de um futuro melhor, onde todos estarão
presentes construindo o bem.

"Adolescência e Vida"   Joanna de Ângelis/Divaldo P Franco

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