segunda-feira, 22 de julho de 2013

ANALISAR - Amor e alquimia

Olá,

Os sentimentos dela se misturavam em seu peito. Não sabia o que fazer.
 Estava perturbada com algo incompreensível à sua idade.
Chorava e se alegrava com facilidade. Não pensava em outra coisa senão no que sentia e para quem dirigia seus sentimentos.
Pensou em conversar com sua irmã, mas será que ela entenderia?
 Misturavam-se, dentro dela mesma, sentimentos, pensamentos e sensações.
Seu corpo parecia um motor de uma usina de força a trepidar expelindo faíscas.



Queria se acalmar, mas parecia que algo internamente se mexia sem parar.
Lembrou-se de suas aulas de química, quando o professor misturava os elementos num pequeno tubo. Será que isso estava acontecendo dentro de seu corpo? Por que não conseguia controlar?
Preferia deitar-se para que tudo passasse.
 Dormia mais do que precisava. Seu sono era inquieto. Acordava várias vezes, sobressaltada, na expectativa de que algo diferente acontecesse.
 Em sua imaginação, parecia que seus sentimentos eram pequenas bolas coloridas, que iam por dentro de seu estômago, na direção de sua cabeça, subindo e descendo sem parar.
Tudo aconteceu quando, numa aula na universidade, seu colega do lado lhe tocou o braço e olhou em seus olhos, perguntando pelos assuntos de uma prova que ocorreria na semana seguinte.
 Naquele instante, sentiu uma forte emoção, como se lhe subisse um calor pelo corpo e uma sensação simultânea de leveza  e bem estar.
Até aquele momento desconhecia tais emoções. Nunca havia se relacionado ou namorado alguém. Sequer tinha beijado uma pessoa. Acabara de fazer vinte e um anos e sempre fora uma pessoa tímida e retraída. Depois daquele momento os olhos dele não saíam de sua mente. Tinha certeza de que não gostava dele, então por que só pensava em estar a seu lado?
 Nem sabia se ele sentia alguma coisa por ela. Achava natural que alguém se interessasse por outra pessoa. Via casais passeando de mãos dadas e achava perfeitamente natural, dizendo a si mesma que um dia aconteceria consigo. Suas amigas falavam de seus relacionamentos e ela acreditava que viveria a experiência de ter alguém ao seu lado.
Então, o que provocara tamanha perturbação e alteração em suas emoções e pensamentos?
 Não tinha qualquer preconceito em relação a sexo, pelo menos até aquele momento. Passou o resto do dia intranqüila e pensativa. Rememorou sua infância, seus amigos e seus pais. Sua vida foi examinada fase por fase naquela tarde, tentando se entender.
 Lembrou-se de um episódio na infância, que talvez tenha ocorrido por volta dos oito anos de idade, em que brincava, com seus primos e primas, de jogos que tinham prendas a serem pagas, na forma de “beijocas”, sem qualquer malícia.
 Lembrou-se de que enrubescia na adolescência quando via cenas com beijos na televisão, evitando-as disfarçadamente.
Questionou-se se não teria sido por conta de sua educação religiosa que julgava as relações entre masculino e feminino como erotizadas. Sim, realmente, ela própria tinha esse tipo de idéia quando adolescente, mas deixou de pensar dessa forma por causa de seu natural desejo de ter um relacionamento amoroso.
 No fundo ainda achava pecado certas atitudes em relação a sexo, mesmo algumas socialmente aceitáveis. Em seu inconsciente ainda havia censura e medo.

 ALQUIMIA DO AMOR             ADENÁUER NOVAES

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