domingo, 3 de novembro de 2013

1868, p. 209

Olá,

“O Espiritismo, por sua natureza e seus princípios, é essencialmente pacífico; é uma idéia que se infiltra sem ruído, e se encontra numerosos adeptos, é porque agrada; jamais fez declamações, nem propaganda, nem qualquer encenação; forte pelas leis naturais sobre as quais se apóia, se vê crescer sem esforços nem abalos, não vai atrás de ninguém; não violenta nenhuma consciência; diz aquilo que é, e espera que venham a ele. Todo o ruído que é feito ao seu redor é obra de seus adversários; se é atacado, deve se


defender, mas sempre o fez com calma, moderação e apenas pelo raciocínio, jamais se afastou da dignidade que é própria de toda causa que tem a consciência de sua força moral; jamais usou de represálias restituindo injúrias com injúrias, maus procedimentos com maus procedimentos.
Não é esse, convenhamos, o caráter ordinário dos partidos inquietos por natureza, fomentando a agitação, e a quem tudo é bom para atingir aos seus fins?
 Mas desde que lhe demos este nome – de partido – o aceita, certo que não o desonrará por nenhum excesso; porque repudiaria qualquer um que disso se prevalecesse para suscitar o menor problema.
O Espiritismo prosseguia em sua rota sem provocar nenhuma manifestação pública, aproveitando totalmente a publicidade que lhe davam seus adversários; quanto mais sua crítica fosse zombeteira, acerba, virulenta, mais excitava a curiosidade daqueles que não o conheciam, e que, para saber que opinião se ter sobre essa, assim dizendo, nova excentricidade, iam simplesmente se informar na fonte, isto é, nas obras especiais; se estudava, e se encontrava totalmente outra coisa que não aquilo que se estava pretendendo dele dizer.
 É um fato notório que as declamações furiosas, os anátemas e as perseguições ajudaram fortemente à sua propagação, porque, em lugar de dissuadir, provocavam o exame, não fosse isso que atrai um fruto defendido. As massas têm sua lógica; dizem que se uma coisa nada fosse, dela não se falaria, e medem sua importância precisamente pela violência dos ataques de que são objeto e pelo esforço que causa a seus antagonistas.”

 ALLAN KARDEC

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