domingo, 30 de março de 2014

Analisar - Três fases distintas da obra de Chico Xavier .


Olá,

24/08/1947

 Observemos que o autor espiritual está plenamente integrado em todo esse contexto. Ele não vem transmitir o seu recado por acaso, por estar disponível ou para atender aos seus parentes e amigos.
Há sempre uma finalidade maior. Visando esse fim útil e providencial é que se apresenta ao médium, dentro de um esquema traçado para que a mensagem seja transmitida.

A propósito, é bom lembrarmos a resposta de Erasto a uma pergunta do Codificador:

“Não creias que a faculdade mediúnica seja dada somente para correção de uma ou duas pessoas, não. O objetivo é mais alto: trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento pouquíssimo importante, como indivíduo. Por isso é que, quando damos instruções que devem aproveitar à generalida dos homens, nos servimos dos que oferecem as facilidade necessárias.” (“O Livro dos Médiuns”, E.S.E cap. XX, item 226, questão 5
 Nota-se a perfeita identidade entre o pensamento Erasto e o de Emmanuel quando este diz que o Dono da Obra é Jesus, que nos concede a honra de servir sua seara.
 Também no livro “Missionários da Luz”, cap. 1, André Luiz nos dá notícias de uma reunião mediúnica para a qual havia seis comunicantes programados. Entretanto, apenas um médium estava em condições de trabalho, o que levou o instrutor espiritual Alexandre a determinar que o grupo apenas receberia
 “o que se relacione com o interesse coletivo”.
Novamente verificamos a coerência e a fidelidade doutrinária da obra mediúnica de Chico Xavier. “Assim pois, autores desencarnados, médiuns e missionários do trabalho humano se entrosam, compulsoriamente, para que brilhe uma só luz — a Luz do Senhor —, da qual todos nós temos sede há longos séculos. Não podemos, em vista disso, deixar um livro mediúnico prosseguir à solta, sem o nosso cuidado e sem o nosso amor para com ele, sempre que estivermos ligados à espiritualidade superior pelo desejo de alcançá-la.”

A cada passo vamo-nos inteirando dos extremos de vigilância e cuidado que o mediumato exige.
Não há, no programa de Chico Xavier, uma vontade única, o interesse de uma pessoa ou de um Espírito, mas sempre o conjunto harmônico de uma equipe de trabalho com programa específico, onde cada elemento tem tarefas definidas, com vistas ao fim maior de difundir o Consolador Prometido por toda a Humanidade.
Se nos detivermos com mais atenção na missão de Chico Xavier, encontraremos no seu transcurso fases nítidas, marcantes, assinalando determinadas épocas onde o tipo de labor atende a faixas evolutivas próprias. Mas, é interessante também registrar que, mesmo com essas fases diversas, houve de maneira geral três períodos bem distintos.
 Para nossa compreensão usaremos a mensagem de Emmanuel, cap. 29 do livro “Seara dos Médiuns”, que assim se inicia:
 “A intervenção franca do Plano Espiritual, no Plano Físico, pode ser admitida no conceito popular como embaixada portadora de metas decisivas, a definir-se em três períodos essenciais: aviso, chegada e entendimento.”

 Extrapolando para o caso de Chico Xavier, vamos encontrar com a publicação de
“Parnaso de Além-Túmulo” a fase do aviso da tarefa que se inicia. Esse aviso veio través de quatorze poetas, num total de sessenta produções mediúnicas. Não poderia haver mais bela forma de se apresentarem. Cantando a imortalidade da alma, os poetas desencarnados, ao mesmo tempo em que trazem notícias da continuidade da vida, consolam as almas terrenas. Foi, portanto, um aviso retumbante que ecoou por todo o País.
 Em seguida, a época dos livros “Emmanuel”, “A Caminho da Luz”, “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, “Paulo e Estêvão” e dos romances épicos, determinando a chegada da equipe espiritual, que então inicia realmente o seu mister.
Finalmente, com o livro “Nosso Lar”, de André Luiz, instala-se o terceiro período: o do entendimento. 
Nesse momento, os Embaixadores da Luz se aproximam de nós para narrar as minúcias da vida espiritual, para trazer notícias da vida além da vida, aprofundando-se nos mistérios da existência humana, que então se tornam claros e acessíveis ao entendimento comum.
 É a coleção André Luiz que vai sendo ditada aos poucos; o início dos livros infantis; a série “Caminho, Verdade e Vida”, “Pão Nosso”, “Vinha de Luz” e “Fonte Viva”; é a época de “Ave, Cristo!”, que encerra o ciclo dos romances; os livros “Roteiro” e “Pensamento e Vida”; e a notável série de livros em que Emmanuel comenta obras da Codificação.
 A compreensão se instala. Alargam-se os horizontes. Instala-se a esperança consciente.
Interpenetram-se as duas humanidades, fundindo-se numa só: “Um só rebanho, um só Pastor.”
 E o entendimento não se circunscreve apenas aos doutos. Mas estende-se a todos os corações em diversificadas formas.
 A partir daí a obra está consolidada.

 “Não podemos, diz Emmanuel, deixar um livro mediúnico prosseguir à solta, sem o nosso cuidado e sem o nosso amor para com ele, sempre que estivermos ligados à espiritualidade superior pelo desejo de alcançá-la.”
No trabalho de Chico Xavier, esse cuidado e esse amor são uma lição para nós. Quantos livros mediúnicos vemos publicados sem esses devidos cuidados. São obras inacabadas. Evidenciam o despreparo e a precipitação do médium, que deseja tornar público o seu trabalho. No final dessa frase de Emmanuel, ele nos transmite a condição essencial que identifica a qualidade do labor, quando complementa: “(...) sempre que estivermos ligados à espiritualidade superior pelo desejo de alcançá-la.”
Ainda na mesma carta Chico escreve o que continua ouvindo de Emmanuel:

“A forma de apresentação do trabalho espiritual no mundo receberá, assim, obrigatoriamente, o concurso dos companheiros de boa vontade, porque a entidade comunicante não poderá, pela diferença de plano, acompanhar o esforço dos filólogos e dos tipógrafos. Não pode haver uma edição sem aprimoramento e sem corrigenda, porque existirá sempre uma falha, na forma, aqui e ali, exigindo retificação. Desse modo, esse serviço é nosso, no mundo em que nos encontramos, de vez que se reclamássemos a vinda dos autores espirituais para os reajustamentos precisos, isso desencorajaria os companheiros desencarnados de romperem pesadas fronteiras de sombra para virem até nós, ajudando-nos a orientar a mente para mais alto. Estamos, assim considerando, com a estrada aberta à cooperação, na qual tudo devemos fazer para não falhar, despreocupando-nos de qualquer opinião do mundo, aparentemente mais respeitável. Naturalmente, devemos exercer a nossa faculdade de colaborar, sem abuso, mas cientes de que é um dever zelar pela melhor apresentação dos frutos espirituais.” 
Emmanuel evidencia aí, com clareza, o trabalho de equipe. Muitas pessoas julgam que o autor espiritual transmite a obra perfeita e absolutamente pronta, não concebendo que lhe sejam feitos retoques, corrigendas e modificações na sua forma de apresentação.
 Acham mesmo que, se tal ocorrer, a mensagem perde a sua autenticidade. Vejamos o que Allan Kardec diz a esse respeito: 
“Daí decorre que, salvo algumas exceções, o médium exprime o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos que estão à disposição e também que a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios. Assim, o homem inculto, campônio, poderá, dizer as mais belas coisas, expressar mais elevadas e as mais filosóficas idéias, falando como campônio, porquanto, conforme se sabe, para os Espíritos o pensamento a tudo sobrepuja. Isto responde a certas críticas a propósito das incorreções de estilo e de ortografia, que se imputam aos Espíritos, mas que tanto podem provir deles, como do médium. Apegar-se a tais coisas não passa de futilidade. Não é menos pueril que se atenham a reproduzir essas incorreções com exatidão minuciosa, conforme temos visto fazerem algumas vezes. Lícito é, portanto, corrigi-las, sem o mínimo escrúpulo, a menos que caracterize o Espírito que se comunica, caso em que é bom conservá-las como prova de identidade.” (“O Livro dos Médiuns”, cap. XIX, item 224.)

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