quarta-feira, 19 de março de 2014

Evangelho - CIZÂNIA

Olá,

Os lexicógrafos definem a cizânia como sendo “rixa, desarmonia, discórdia entre pessoas de amizade”.
A cizânia constitui, pela sua própria estrutura, adversário ferino da obra de edificação do bem, onde quer que se manifeste.
 Parte integrante da personalidade humana, o espírito da cizânia facilmente se instala onde o homem se encontra.
Estimulada pelo egoísmo, distende com muitas possibilidades as suas tenazes, surpreendendo quantos incautos se permitem, por invigilância, trucidar.
Soez, persistente, contínua, a cizânia, ao manifestar-se, divide o corpo coletivo em falsos grupos de eleição, que logo se entredisputam primazia, estabelecendo o combate aguerrido e franco sob os disfarces da pusilanimidade ou da simulação.
A cizânia deve ser combatida frontalmente onde quer que o bem instaure o seu reinado. Para tanto, faz-se mister que cada membro ativo do grupo da ação nobilitante compreenda o impositivo da humildade. Como a característica essencial da humildade é fazer-se identificar sempre carecente de aprimoramento, enquanto se luta por adquiri-la, as farpas da inveja não se cravam no seu corpo o as disputas infelizes não vicejam.
 Ante o esfôrço para a fixação da humildade legítima, a cizânia não consegue proliferar, isto porque é muito mais produtivo ser taxado de ingênuo ou tolo, porém pacífico e cordato, a dúctil e lúcido, no entanto, combativo e promovedor da discórdia.

 Não esqueças que mesmo no Colégio Galileu, não poucas vezes esse tóxico letal foi identificado, pernicioso, pelo Incomparável Senhor, que, não obstante o alto patrimônio da Sua elevação, teve que enfrentá-la com energia e humildade.
 Vigia, espírito dedicado, nas nascentes do labor que desdobras, na tarefa empreendida, e sê daqueles cujo serviço pode prosseguir sem tua cooperação, embora não possas marchar sem ele, por indispensável à tua elevação. Oferece a quota do teu trabalho, compreendendo que no cômputo geral a importância de cada um está na medida do esfôrço despendido, nunca em relação à função exercida. Impossível fulgir a jóia não houvesse sido esse brilho precedido pelo esfôrço do garimpeiro ignorado, que se adentrou pela mina perigosa a buscá-la.
 A pérola pálida a refulgir ostenta sua beleza graças ao estoicismo do mergulhador que desceu às águas abissais para arrancá-la da ostra ergastulada nas rochas submarinas - No trabalho renovador ao qual te afervoras, não te olvides dos que atuam nas funções modestas, todavia indispensáveis ao serviço que desdobras.
 O rei não poderia rodear-se de conforto e grandeza sem o concurso do operário humilde que lhe ergueu o trono ou a cozinheira que lhe sustenta a manutenção do equilíbrio orgânico. E a estabilidade do seu império estaria sempre ameaçada não fosse a fidelidade dos que o mantêm, vigilantes, e muitas vezes ignorados.
 A cizânia nasce sempre no seio da vaidade que se faz nutrir pela presunção. Esquece, portanto, os títulos e valores a que te apegas, pois que eles nada valem diante d'Aquele a quem serves ou a quem procuras servir. A obra do bem tem passado sem ti e depois que passes ela prosseguirá passando. Reage à cizânia, impedindo que ela te domine no pensar, no falar, a fim de que não se desdobre através do agir.

 Examina o íntimo do espírito para que as mentes geratrizes da cizânia, vitalizadas pelo pretérito infeliz e corporificadas em grupos de perturbadores do Mundo Espiritual, não encontrem na tua mente açulada o campo para as cogitações da censura injustificada aos que não podem ser iguais a ti, quer estejam abaixo ou acima do teu nível de produtividade.
Não olvides que ao mais esclarecido é exigida maior dose de tolerância, de compreensão e de misericórdia.
Quantas vezes o amigo, habitualmente fiel, em se voltando para agredir não se encontra enfermo? Neste momento, não há outras alternativas senão piedade e socorro para ele. Se desejas realmente, como apregoas, que cresça o trabalho do Cristo, não faças perniciosa distinção entre os servidores, não sugiras separativismos, não confrontes mediante opiniões que criam ciumes ou açulam vaidades vãs pelo elogio gratuito, indiscriminado e improcedente, porque todo coração é maleável à palavra da bajulação dourada como todo espírito é acessível à referência azeda da impiedade, ao licor embriagante da perversão.
 Mantém, por tua vez, o compromisso da doação da palavra amiga e estimulante, quanto da advertência gentil, a fim de que possas prosseguir, seguro, na diretriz do equilíbrio.
 Recorda que foi a cizânia dos homens que levou Jesus à cruz, através da invigilância de um companheiro enganado.

 * “Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá ser condenado no juízo”. Mateus: capítulo 5º, versículo 22.

 * “A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura que lhe são as formas de manifestar-se”. E.S.E. Capítulo 9º — Item 6.

 Joanna de Ângellis/Divaldo P. Franco                                         Florações Evangélicas

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