terça-feira, 9 de setembro de 2014

Evangelho - Liberdade Cristã

Olá,

 Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convém.

 Fixando os limites da liberdade cristã — em outras palavras: estabelecendo regras para o bom-tom evangélico — adverte Paulo aos membros da Igreja por ele fundada em Corinto, na Grécia, no capítulo 10º, versículo 23 de sua 1ª Epístola, quanto à liceidade e conveniência das coisas.


 A orientação paulina é sábia e equilibrada, uma vez que favorece a nossa compreensão quanto ao comportamento heterogêneo dos homens, em determinadas circunstâncias da vida em comum.
 Para maior clareza da passagem em estudo, reproduzimo-la, também, segundo outras traduções bíblicas:
 “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém; tudo me é permitido, mas nem tudo edifica.”
 Em primeiro lugar, realcemos o respeito ao livre arbítrio individual, no substratum ético do Cristianismo: tudo é permitido ao homem, mas ele modificará essa liberdade de escolha, deixará de usar essa permissão tão logo a Espiritualidade lhe apresente mais amplos horizontes evolutivos, ou a evolução lhe mostre mais largos panoramas espirituais.
 O homem pode fazer isto ou aquilo, desde que nisto ou naquilo se compraza.  Escravo, contudo, é o homem na colheita, pois que livre o é na semeadura.
O pensamento do Apóstolo dos Gentios é algo parecido, no tópico em análise, com o do Mestre — a quem Paulo tanto soube amar e a cujo ideal tão bem soube servir —, quando rogava pelos discípulos, na chamada “oração sacerdotal”:
“Pai, não te peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”
 A advertência de Paulo leva-nos, inicialmente, a refletir quanto à conveniência ou não de certas coisas.
 Impele-nos, igualmente, para um detalhe significativo: Quando o homem acorda para as eternas realidades — do Bem e da Moral, do Sentimento e da Cultura —, certas normas da vida social são, para ele, evidentemente lícitas, mas lhe não convêm.
 Não convêm, porque não edificam. Não constroem intrinsecamente. Não aprimoram. Não aproveitam ao Espírito Imortal.
 Estudemos o assunto, delicado sem dúvida, sob alguns aspectos da vida de relação.
 A vida social, em tese, é agradável e necessária, algumas vezes, à manutenção do círculo de amizades que o homem forja dia a dia. Há criaturas, no entanto, que colocam este problema em termos tais, que chegam a afirmar: “A minha vida social é tão intensa, tão absorvente, que não me sobra tempo para mais nada.”
 É o caso, então, de se ponderar com o Apóstolo: É lícito manter vida social; contudo, se tal programa, por sua intensidade, se torna obsessivamente escravizante e escravizantemente obsessivo, com prejuízo para um outro, sublime programa — o das ocupações espirituais —obviamente não convém, porque não edifica.
 Outro caso, agora relacionado com as diversões.
 Há pessoas que as frequentam quase durante a semana inteira, não reservando sequer uma noite para visita a um doente, a um encarcerado, a um sofredor, a um amigo que atravessa uma provação. Comparecer às diversões instrutivas, naturalmente é coisa lícita, inclusive porque a diversão instrutiva areja e educa o Espírito, aliviando-o das sobrecargas mentais de um dia de intenso labor.
 É lícito, sem dúvida, mas não convém ao aprendiz de boa vontade procurá-las excessivamente, duas ou três vezes na semana, porque duas ou três noites serão mais crestamento vividas se utilizadas na visita aos necessitados, ou no cumprimento, enfim, de qualquer tarefa espiritual.
 O problema, em suma, da criatura realmente interessada em dinamizar a própria renovação, é o da vivência cristã do maior número de horas.
 Renovar é libertar-se. Libertar-se é ascender na compreensão, no entendimento.
 Cada hora, em nossa existência, é uma oportunidade que nos compete valorizar, utilizando-a no bem, em qualquer uma de suas variadas modalidades.
 Frequentar as diversões educativas — simplesmente as educativas e nunca as licenciosas — uma vez por outra, é coisa licita. Delas não nos pretende o Espiritismo privar.
Tornar-se, contudo, o homem escravo das filas, obsidiar-se pelos anúncios de espetáculos — não convém, porque não edifica.
 Penetremos bem o pensamento de Paulo: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm.”

 Martins Peralva                                Estudando oEvangelho

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